UFG obtém patente de sistema portátil para análises químicas
Invenção originada em pesquisa de doutorado promete viabilizar realização de atividade típica de laboratório em qualquer lugar.
William Correia
Executar análises químicas é um trabalho que costuma depender de aparato técnico e instrumental encontrado habitualmente em laboratórios, mas uma invenção patenteada pela Universidade Federal de Goiás (UFG) pode mudar esse panorama. Trata-se do sistema portátil para análise química chamado injetor hidrodinâmico para microssistemas eletroforéticos, originado a partir da tese de doutorado da pesquisadora Ellen Flávia Gabriel, do Programa de Pós-Graduação em Química (PPGQ) do Instituto de Química (IQ) da UFG, sob orientação do professor Wendell Coltro.
Além dos dois, Rodrigo Alexandre dos Santos, Kariolanda Cristina Rezende e Eulício Júnior também assinam como inventores da novidade, que promete elevar a confiabilidade da análise química nos dispositivos miniaturizados, permitindo a introdução de pequenos volumes (pL) de forma reprodutível. Esses dispositivos consistem em pequenas placas e são utilizados para testes químicos e bioquímicos em uma escala miniaturizada e portátil, podendo ser explorados em áreas remotas. Dessa forma, economiza-se recursos como tempo, espaço e pessoal necessários para empreender os estudos.
Várias áreas – como a forense e a ambiental – se beneficiam desse sistema de análise química, que também é útil a atividades de diagnóstico clínico, controle de qualidade, adulteração de alimentos e fármacos, entre outras. A sua dinâmica de funcionamento, na maior parte dos casos, começa pela adição das amostras em canais minúsculos dos dispositivos. Normalmente, tal processo é realizado a partir de um método conhecido como injeção eletrocinética, que requer uma fonte de alta tensão para aplicação de um potencial elétrico. O uso desse método permite o bombeamento da solução no processo de injeção e também na separação química.
Ferramenta portátil oferece a condição de realizar análises em qualquer lugar e não depende de fontes de alta tensão (Foto: Divulgação)
Segundo Wendell, apesar das vantagens, a dependência de cargas elétricas traz consigo algumas limitações que podem comprometer a confiabilidade. "Devido à natureza do método, o bombeamento induzido pela aplicação de potencial elétrico faz com que a quantidade de amostra introduzida nos microcanais seja discriminatória. Como a velocidade das espécies depende da carga e do tamanho, espécies com menor razão carga/raio são introduzidas em maior quantidade. Consequentemente, isso impacta na confiabilidade do resultado", afirma.
Como alternativa, outro método aplicável é o de injeção hidrodinâmica, cuja disseminação esbarrava na falta de instrumentos adequados para o controle do pequeno volume requerido. Apesar da viabilidade instrumental que permite a adaptação de microbombas e microválvulas, existe uma dificuldade em sua construção, devido aos custos da infraestrutura necessária. "No Brasil, por exemplo, são poucos os centros multiusuários que possuem infraestrutura adequada para essa finalidade e todos eles estão localizados na região Sudeste. Logo, o acesso restrito a esses centros de pesquisa nos encorajou a desenvolver um sistema portátil de análise química que supre as limitações apresentadas e oferece maior confiabilidade", complementa o professor.